O eSocial na SST (Saúde e Segurança do Trabalho) evolui continuamente, ampliando sua capacidade de coletar, cruzar e analisar dados técnicos, jurídicos e previdenciários. A recente atualização normativa, que exige a inclusão dos riscos psicossociais no Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), abre caminho para novas demandas digitais. O futuro do eSocial já está em curso, e os riscos psicossociais são parte central dessa transformação.
O que mudou?
A Portaria MTE nº 1.419/2024 tornou obrigatória a inclusão dos fatores psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Apesar do início da fiscalização ter sido adiado para maio de 2026, pelo que determina a Portaria nº 765/2025, o impacto prático no eSocial já é imediato.
A regra do sistema é clara: primeiro, vem a norma técnica; depois, o campo obrigatório no eSocial. Atualmente, a versão simplificada do sistema exige apenas dados sobre riscos para aposentadoria especial. Porém, a próxima versão — S-2.5 — já terá campos específicos para riscos ergonômicos e psicossociais, exigindo que as empresas registrem essas informações de forma estruturada e rastreável.
O eSocial vai além do envio de eventos
Mais que um simples canal de envio de arquivos, o eSocial SST é uma ferramenta de análise e fiscalização automatizada, que cruza dados de RH, segurança e saúde do trabalho para identificar inconsistências, omissões e fragilidades.
A falta ou superficialidade de dados sobre riscos psicossociais no PGR pode causar:
- Inconsistência com o inventário de riscos.
- Falta de conexão com CATs, exames, afastamentos e laudos.
- Riscos de autuações futuras por incongruências.
Empresas despreparadas podem enfrentar passivos trabalhistas e previdenciários por informações incompletas ou incorretas.
Documentação técnica disponível
- O Guia de Informações sobre Fatores de Riscos Psicossociais Relacionados ao Trabalho já foi publicado, oferecendo orientações para identificar, avaliar e controlar esses riscos. O documento destaca que a organização do trabalho é uma das principais fontes desses fatores e recomenda o uso do método PDCA, conforme a ISO 45001:2018, para gestão contínua no GRO.
Cruzamento de dados: ponto crítico
O eSocial permite cruzar automaticamente:
- Exposição a riscos psicossociais (relatórios do PGR).
- Informações de afastamentos (S-2230).
- Comunicação de Acidente de Trabalho (S-2210).
- Avaliações clínicas e laudos (S-2220).
- Atestados, PPP e outros documentos.
Essa integração digital cria um ambiente de responsabilidade e rastreabilidade, exigindo que as áreas de SST, RH e Jurídico trabalhem de forma alinhada para garantir a coerência das informações.
Preparação é essencial
Adiar a adequação às exigências do eSocial até 2026 é arriscado. O momento para agir é agora, revisando o PGR com foco nos riscos psicossociais, ajustando o inventário de riscos, treinando as equipes e validando a consistência dos dados que serão enviados.
O digital não espera
O eSocial SST representa uma nova era na gestão e controle das condições de trabalho. A inclusão dos riscos psicossociais é uma exigência normativa e uma etapa inevitável da transformação digital nas relações laborais.
Empresas que se anteciparem, estruturando dados com rigor técnico e integração entre áreas, estarão mais protegidas contra autuações, litígios e falhas operacionais.
O eSocial evolui — e quem acompanha essa evolução com responsabilidade constrói um futuro mais seguro, transparente e sustentável.













